Por Rubens Tornado
Mesmo com as baixas temperaturas do inverno ou as mudanças bruscas no clima, o desejo de manter a pele bronzeada leva muitas pessoas a procurar a exposição solar, muitas vezes de forma imprudente. O que pode parecer um hábito inofensivo, na verdade, pode acarretar sérios riscos à saúde, como queimaduras, envelhecimento precoce e até mesmo o aumento das chances de desenvolver câncer de pele.
Especialistas alertam para os perigos dos métodos caseiros de bronzeamento, que, apesar de sua popularidade crescente mesmo fora da estação estival, apresentam riscos substanciais.
Técnicas como a aplicação de óleos e o uso de fita isolante — especialmente para criar marcas de biquíni, um hábito comum em cidades como o Rio de Janeiro — podem resultar em danos imediatos à pele e contribuir para problemas graves a longo prazo.
Riscos dos Métodos Caseiros
A utilização de fita isolante para marcar o bronzeado é uma prática que suscita grandes preocupações. Isis Veronez Minami, dermatologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, salienta que o bronzeado natural já representa uma resposta defensiva do organismo aos danos causados pela radiação solar.
“O bronzeado é uma forma de proteção intrínseca do corpo, uma reação ao dano provocado pela radiação solar na pele. Mesmo na ausência de queimaduras visíveis, esse dano pode alterar as células da pele, levando ao envelhecimento prematuro e a um aumento do risco de câncer de pele”, explica Minami.
Caroline Motta Aguiar, dermatologista e especialista em Medicina de Família e Comunidade na Unifesp, reforça a importância de adotar medidas de proteção solar, como o uso de protetor solar, chapéus e vestimentas adequadas.
“Evitar exposições solares diretas e prolongadas, optando pelos horários de menor intensidade de radiação, é crucial para prevenir danos à saúde”, acrescenta Aguiar.
Perigos do Bronzeamento Artificial
As câmaras de bronzeamento artificial, cuja utilização é proibida pela Anvisa, emitem radiação em intensidades significativamente superiores às do sol, o que eleva consideravelmente o risco de desenvolvimento de câncer de pele.
Isis Veronez Minami adverte que, além do risco oncogênico, esses aparelhos podem também provocar envelhecimento precoce e queimaduras severas. “A radiação liberada por esses dispositivos penetra profundamente na pele e causa danos substanciais”, observa Minami.
As dermatologistas enfatizam que a proibição desses métodos é uma medida essencial para a proteção da saúde pública, sublinhando a gravidade dos riscos associados.
Fita Isolante e Óleos: Uma Combinação Perigosa
A utilização de fita isolante para criar marcas de bronzeado é motivo de grande apreensão. Isis Veronez Minami destaca que a cola da fita isolante pode desencadear dermatites alérgicas, com sintomas como prurido, vermelhidão, descamação e até formação de bolhas. “O atrito e o material da fita podem provocar alergias ou dermatites de contato”, alerta Minami.
Quanto aos óleos, como o de coco e o urucum, frequentemente utilizados para intensificar o bronzeamento, os especialistas são categóricos em sua recomendação contra seu uso.
“O emprego de óleos antes da exposição solar aumenta o risco de queimaduras e irritações, uma vez que não proporcionam a proteção adequada contra os raios solares”, adverte Minami.
Como Repor Vitamina D de Forma Segura
A exposição solar é um método natural e eficaz para obter vitamina D, contudo, deve ser realizada com prudência. Isis Veronez Minami recomenda que uma exposição diária de 30 minutos ao sol, nas áreas do rosto e dorso das mãos, é suficiente, mesmo quando se utiliza protetor solar.
“Quando a exposição solar é inadequada ou em casos específicos, a suplementação de vitamina D, prescrita por um médico, pode ser necessária”, afirma Minami. Caroline Motta Aguiar complementa que é fundamental realizar exames para medir os níveis de vitamina D no sangue e, a partir dos resultados, determinar a necessidade de suplementação, sempre sob orientação médica.
Cuidados em Caso de Queimaduras
Caso ocorram queimaduras devido a métodos inadequados de bronzeamento, é imperativo buscar a orientação de um dermatologista imediatamente. “O primeiro passo é cessar a exposição solar e proporcionar uma hidratação abundante à pele”, recomenda Isis Veronez Minami.
A avaliação e o tratamento adequado das lesões só podem ser realizados por um profissional capacitado, que avaliará a gravidade dos danos e prescreverá os cuidados necessários.
Proteger a pele contra os danos solares é essencial para prevenir complicações a curto e longo prazo. Optar por métodos seguros de exposição solar pode fazer uma diferença substancial para a saúde da pele.
