O consumo de ovos pode contribuir significativamente para a melhoria da memória, conforme indicado por pesquisa recente
A primeira substância digna de destaque é a colina, uma das vitaminas pertencentes ao complexo B. Encontrada na gema, essa vitamina é essencial para a síntese de um neurotransmissor denominado acetilcolina, que desempenha um papel crucial na regulação da aprendizagem e da memória.
Ademais, há a luteína e a zeaxantina, componentes dos carotenoides, um grupo de pigmentos de notável ação antioxidante. “Essas substâncias exercem uma função protetora contra o estresse oxidativo e a inflamação no cérebro”, observa a nutricionista. Portanto, atuam como verdadeiras guardiãs dos neurônios e das diversas estruturas cerebrais.
Embora a colina, a luteína e a zeaxantina apresentem contribuições significativas para as funções cognitivas, o ovo oferece ainda outras valiosas propriedades. Seu teor proteico tem sido amplamente celebrado. Embora a gema contenha apenas uma fração, a clara se revela uma verdadeira “sopa” de aminoácidos, pequenos fragmentos de proteína elaborados pela natureza com a função de proteger o embrião em desenvolvimento dentro do ovo.
No organismo humano, esse nutriente desempenha um papel fundamental na constituição de tecidos e órgãos, contribuindo para a integridade de unhas, cabelos e pele. Além disso, é indispensável na construção e reparação muscular.
Em virtude dessa riqueza proteica, muitos indivíduos acabam por extrapolar na ingestão. “É bastante comum, na prática clínica, observar pacientes que consomem ovos em quantidades excessivas na tentativa de aumentar o aporte proteico em suas dietas”, afirma a especialista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Contudo, os exageros não proporcionam benefícios adicionais e podem acarretar danos à saúde. “O corpo possui um limite de absorção de proteínas por refeição”, esclarece a nutricionista. A quantidade adequada deve ser determinada levando-se em consideração o perfil e o estilo de vida de cada indivíduo.
Sobre o colesterol
Embora o ovo desfrute atualmente de uma vasta legião de admiradores, sua trajetória nem sempre foi tão auspiciosa. Na década de 1970, o alimento foi banido de muitos cardápios devido à sua associação com o aumento do risco cardiovascular, em decorrência de sua elevada concentração de colesterol.
Somente nos anos 2000, estudos revelaram que apenas uma pequena fração dessa molécula lipídica, essencial para o funcionamento do organismo, provém da dieta — cerca de 70% do colesterol é sintetizado pelo fígado. “A ciência demonstrou que, para a maioria das pessoas, o colesterol dietético exerce um impacto mínimo sobre o aumento dos níveis circulantes”, afirma Serena del Favero.
Atualmente, compreende-se que o consumo excessivo de gorduras saturadas e trans — presentes em carnes, no coco, em biscoitos recheados, entre outros alimentos — é o que pode elevar as taxas de LDL, conhecido como colesterol ruim, ocasionando danos às artérias.
O ovo no cotidiano
Agora que o ovo está livre de acusações e diante de seus numerosos benefícios, apresentamos algumas sugestões da nutricionista para sua inclusão — sempre com moderação, por favor! — na rotina diária:
– No café da manhã: Seja sob a forma de ovos mexidos, cozidos ou em omeletes, essa iguaria pode ser combinada com vegetais, como espinafre ou tomate, para incrementar a ingestão de fibras”, sugere a especialista.
– Nos lanches: Na sua versão cozida, o ovo se revela uma opção prática e nutritiva, fácil de transportar e consumir.
– Em saladas: “Adicionar ovos cozidos às saladas é uma excelente maneira de aumentar o teor proteico da refeição, prolongando, assim, a sensação de saciedade”, recomenda.
– Como alternativa às carnes: “O ovo pode servir como uma fonte de proteína, especialmente em preparações vegetarianas”, orienta a nutricionista.
– Em preparações culinárias: Receitas como panquecas, bolos e suflês se tornam ainda mais nutritivas com a adição deste ingrediente.
É importante cozinhar o ovo de maneira adequada, evitando que a gema permaneça mole. Dessa forma, minimizam-se os riscos associados à salmonela, bactéria responsável por diarreias e outros distúrbios, a qual não resiste ao calor. Além disso, é aconselhável conhecer a procedência dos ovos e prestar atenção à presença de selos de garantia.
Excetuando os indivíduos alérgicos, e sempre dentro de um contexto de equilíbrio, o ovo é amplamente bem-vindo. A ciência atesta tal afirmação.