Por Onde Pode Ser Utilizada a Nota do Enem 2024?
Após a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), nas datas de 3 e 10 de novembro, é inevitável que o candidato já se projete para os resultados e para as oportunidades que surgem a partir da nota alcançada.
Desde a sua reformulação, em 2009, o Enem passou a ser concebido como um vestibular unificado, cujo propósito primordial era democratizar o acesso ao ensino superior no Brasil. Com isso, o Ministério da Educação (MEC) visou possibilitar que a pontuação obtida no exame fosse amplamente aceita por uma pluralidade de instituições de ensino.
Esse modelo permanece vigente, permitindo a utilização da nota do Enem em diversas frentes, entre as quais se destacam a participação no Sistema de Seleção Unificada (SiSU) para vagas em universidades públicas federais, bem como a obtenção de bolsas de estudo em universidades privadas por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni).
Todavia, além desses caminhos amplamente conhecidos, a nota do Enem oferece uma gama de outras possibilidades, que vão além das fronteiras nacionais. Em 2023, a Universidade de São Paulo (USP) passou a integrar a lista de instituições que aceitam o Enem em seu processo seletivo, uma medida que reflete o crescente reconhecimento da prova como critério de avaliação acadêmica.
Além disso, o Enem também propicia oportunidades no cenário internacional, com parcerias que possibilitam o ingresso em universidades de renome em Portugal, ampliando ainda mais o leque de destinos acadêmicos.
Conforme o calendário do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), as notas do Enem 2024 serão disponibilizadas em 13 de janeiro de 2025. A partir dessa data, uma série de processos seletivos, essenciais para o futuro acadêmico de muitos, terá início. A seguir, exploraremos as múltiplas alternativas que o candidato tem ao seu alcance ao utilizar a nota obtida na principal avaliação educacional do país.
SiSU
A grande maioria das universidades federais no Brasil adota a nota do Enem como critério de avaliação para o ingresso de novos alunos, oferecendo suas vagas por meio do Sistema de Seleção Unificada (SiSU).
Esse sistema proporciona ao candidato a oportunidade de se inscrever para diversos cursos e instituições de ensino, não estando restrito ao seu estado de origem. As inscrições, que ocorrem no início e no meio do ano, utilizam a pontuação da edição mais recente da prova, ampliando as possibilidades de acesso ao ensino superior em âmbito nacional.
No SiSU, o candidato também tem a chance de declarar se se enquadra nos requisitos de cotas, com base na Lei de Cotas. Esta legislação destina-se a garantir a inclusão de alunos oriundos de escolas públicas, com comprovação de baixa renda, além de pessoas com deficiência e/ou aquelas que se identificam como negras, pardas ou indígenas.
Para se candidatar por meio do SiSU, o candidato deve alcançar, no mínimo, a nota de corte estabelecida para cada vaga, sendo que esse valor é atualizado de maneira constante durante o período de inscrições. Além disso, é imperativo que a redação não tenha sido zerada, condição essencial para a participação no processo seletivo.
ProUni
As diretrizes do Programa Universidade para Todos (ProUni) compartilham semelhanças substanciais com as do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), porém, enquanto este último se destina ao ingresso em instituições públicas, o ProUni é voltado à concessão de bolsas de estudo em instituições privadas.
Essas bolsas podem ser totais, cobrindo 100% do valor do curso, ou parciais, equivalentes a 50% da mensalidade, de acordo com a avaliação e a necessidade do candidato.
Além da pontuação obtida no Enem, o ProUni estabelece critérios socioeconômicos rigorosos para a elegibilidade, exigindo que a renda familiar per capita do candidato não ultrapasse três salários mínimos. Outro requisito essencial é que o candidato tenha cursado o ensino médio integralmente em escola pública ou, em casos excepcionais, em escola privada como bolsista integral. Assim como no SiSU, o ProUni também adota o sistema de cotas, assegurando vagas para candidatos pertencentes a grupos específicos, como aqueles provenientes de escolas públicas, de baixa renda ou autodeclarados negros, pardos ou indígenas.
USP
Desde o ano passado, a Universidade de São Paulo (USP), considerada a mais prestigiosa instituição de ensino superior da América Latina, passou a incorporar a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em seu processo seletivo. Com isso, além da tradicional Fuvest, os candidatos agora podem tentar o ingresso na USP por meio da pontuação obtida no Enem, bem como pelo exclusivo Provão Paulista, destinado exclusivamente aos alunos oriundos de escolas públicas.
Em 2024, foram destinadas 1.500 vagas para candidatos que utilizaram a nota do Enem, das quais 512 foram reservadas para egressos de escolas públicas e 303 para estudantes que se autodeclaram negros, pardos ou indígenas, em conformidade com as políticas de inclusão da universidade.
A USP, por sua vez, foi a última entre as universidades estaduais paulistas a adotar a nota do Enem como critério de seleção. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) já destinava 20% de suas vagas para candidatos que optassem pelo Enem, enquanto a Universidade Estadual Paulista (Unesp) utiliza a nota exclusivamente para o preenchimento de vagas remanescentes.
Universidade de São Paulo • Fábio Durand/USP Imagens
FIES
O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é uma iniciativa direcionada às instituições privadas, com o intuito de proporcionar aos alunos a possibilidade de financiar seus cursos superiores a custos mais acessíveis, com o pagamento podendo ser realizado de forma facilitada após a conclusão do curso.
Assim como o SiSU e o ProUni, o FIES oferece períodos de inscrição semestrais. Contudo, ao contrário do ProUni, que exige um perfil socioeconômico com renda familiar de até três salários mínimos por pessoa, o FIES estabelece que a renda familiar per capita do candidato não ultrapasse dois salários mínimos e meio.
Universidades Privadas
Diversas universidades privadas no Brasil aceitam a nota do Enem como parte do processo seletivo, seja como complemento à pontuação obtida no vestibular próprio da instituição ou, em alguns casos, exclusivamente como critério de ingresso.
É altamente recomendável que o candidato visite o site da instituição de seu interesse para verificar as normas e requisitos específicos, visto que cada universidade adota critérios próprios de avaliação e seleção.
Enem Portugal
Existe um acordo formal entre o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e universidades portuguesas, permitindo que alunos brasileiros ingressem nessas instituições com base na nota obtida no Enem.
O processo seletivo nesse contexto segue um modelo semelhante ao utilizado pelas universidades privadas brasileiras, mas é essencial que o candidato pesquise se a universidade desejada participa desse convênio, além de se informar sobre os demais critérios de seleção específicos adotados por cada instituição portuguesa.
