Câncer de Próstata: Desvendando 14 Mitos e Verdades sobre a Doença
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Câncer de Próstata: Desvendando 14 Mitos e Verdades sobre a Doença

Apesar das campanhas de conscientização enfatizarem a importância de um diagnóstico precoce, persistem dúvidas e preconceitos acerca dessa condição

 

O câncer de próstata é uma enfermidade que deverá acometer, no Brasil, aproximadamente 71.730 indivíduos anualmente entre 2024 e 2025, conforme estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Atualmente, trata-se do segundo tumor mais prevalente entre os homens no país, ficando apenas atrás do câncer de pele não melanoma. Em virtude desse panorama alarmante, o dia 17 de novembro é celebrado como o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata.

Tal data tem por objetivo primordial conscientizar a população sobre a relevância da detecção precoce da doença, fator essencial para incrementar as possibilidades de cura. No entanto, apesar dos esforços concentrados em campanhas como o Novembro Azul, voltadas à promoção da realização regular de exames e ao incentivo ao autocuidado masculino, ainda subsistem receios, incertezas e preconceitos relativos ao câncer de próstata.

De acordo com pesquisa recente encomendada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), apenas 34% dos homens procuram um urologista ao perceberem sintomas ou desconfortos associados à condição. Este dado revela-se inquietante, uma vez que o câncer de próstata é o tipo de câncer que mais resulta em óbitos masculinos no Brasil, com cerca de 16 mil mortes anuais, conforme dados do Inca.

Visando elucidar as incertezas e dissipar os preconceitos, o Portal ES apresenta, com o apoio de especialistas e entidades médicas, um levantamento dos principais mitos e verdades acerca do câncer de próstata. Confira a seguir.

 

1. O câncer de próstata afeta exclusivamente homens idosos

Mito. Embora seja mais prevalente entre os homens mais velhos, o câncer de próstata não é uma condição restrita a essa faixa etária, podendo surgir em indivíduos com menos de 40 anos. Contudo, dados revelam que aproximadamente 62% dos diagnósticos ocorrem em homens com mais de 65 anos, conforme observação de Carlo Passerotti, urologista e cirurgião do Centro Especializado em Urologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

 

2. Se não há casos na família, o risco de desenvolver câncer de próstata é baixo

Mito. Embora o histórico familiar possa, de fato, incrementar o risco de desenvolvimento do câncer de próstata, sendo uma condição passível de hereditariedade, cerca de 85% dos casos ocorrem em homens sem antecedentes familiares da doença, conforme esclarecimento de Carlo Passerotti. Tal fenômeno ocorre porque fatores como alimentação desequilibrada, sedentarismo e obesidade também são preponderantes no aumento da probabilidade de surgimento da enfermidade.

 

3. Homens sedentários apresentam maior probabilidade de desenvolver câncer de próstata

Verdade. O sedentarismo, como já abordado, configura-se como um fator de risco substancial para o câncer de próstata. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) aponta que a inatividade física e a obesidade estão intimamente associadas a alterações metabólicas que podem facilitar mutações celulares, propensas a originar o tumor.

Diante desse quadro, a orientação da sociedade científica é incorporar atividades físicas regulares e uma alimentação balanceada à rotina diária como estratégias preventivas. Segundo Denis Jardim, líder nacional da especialidade de tumores urológicos da Oncoclínicas, tais práticas são compreendidas como medidas de “prevenção primária”.

“Não existe uma única estratégia isolada para prevenir o câncer de próstata. Contudo, sabemos que é imperativo abandonar o tabagismo ou, ao menos, evitar que ele se inicie, adotar uma dieta enriquecida com vegetais e diminuir o consumo de gorduras animais, manter um peso corporal saudável — prevenindo ou tratando a obesidade — e, claro, enfatizar a prát.ica regular de atividades físicas como ações de prevenção”, explica Jardim.

 

4. O câncer de próstata em estágio inicial não causa sintomas

Depende. Segundo Carlo Passerotti, normalmente, o câncer de próstata em sua fase inicial não manifesta sintomas evidentes. Contudo, alguns homens podem relatar sinais urinários, que são mais comuns com o avanço da idade e o consequente aumento da próstata, um fenômeno fisiológico que ocorre ao longo dos anos.

Esses sintomas, como dificuldade para urinar, aumento na frequência urinária, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga e frequentes despertares noturnos para urinar, podem surgir de forma simultânea e gerar confusão, uma vez que tais manifestações também podem estar associadas à hiperplasia benigna da próstata (aumento não cancerígeno da glândula).

“Portanto, é fundamental que o paciente procure um médico urologista para elucidar as causas desses sintomas e realizar os exames necessários”, enfatiza o especialista.

 

5. A ausência de sintomas implica na ausência de câncer de próstata

Mito. Como já foi mencionado, nos estágios iniciais, o câncer de próstata tende a ser assintomático, ou seja, não se manifesta por sinais evidentes. Quando os sintomas surgem, muitas vezes são confundidos com condições benignas, como infecções urinárias ou aumento não cancerígeno da próstata.

Assim, a ausência de sintomas não é um indicativo de que o câncer de próstata não esteja presente. Por essa razão, é imprescindível realizar exames regulares, mesmo na ausência de sinais clínicos, para garantir a detecção precoce e o manejo adequado da doença.

 

6. Pessoas negras apresentam maior risco de desenvolver câncer de próstata

Verdade. Estudos demonstram que homens afrodescendentes possuem um risco até 60% superior de desenvolver câncer de próstata em comparação a outras etnias. Além disso, a taxa de mortalidade é três vezes mais elevada nessa população, conforme aponta a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).

Em virtude dessa maior vulnerabilidade, a Fundação do Câncer de Próstata dos Estados Unidos recentemente revisou suas diretrizes, recomendando que a triagem para detecção do tumor seja iniciada aos 40 anos para indivíduos negros. De acordo com a entidade, a realização dos exames de PSA e do toque retal deve ser feita regularmente, preferencialmente uma vez ao ano, até, no mínimo, os 70 anos de idade.

 

7. Somente o exame de PSA é capaz de identificar o câncer de próstata

Mito. Conforme esclarecido por Carlo Passerotti, o exame de PSA (Antígeno Prostático Específico) mede a concentração dessa substância no sangue, que é produzida naturalmente pelo tecido prostático e encontrada tanto na corrente sanguínea quanto no sêmen.

Entretanto, é fundamental compreender que um aumento nos níveis de PSA pode ser ocasionado por diversas condições, como infecções, inflamações ou aumento benigno da próstata. Dessa forma, um nível elevado de PSA, por si só, não é suficiente para diagnosticar o câncer de próstata, mas pode indicar a necessidade de exames complementares.

Além disso, um PSA baixo não exclui completamente a possibilidade de câncer prostático, o que torna essencial a consideração de outros fatores e a realização de uma avaliação médica abrangente para um diagnóstico preciso.

 

8. O exame de toque retal é indispensável, mesmo com PSA normal

Verdade. O exame de toque retal é de extrema importância, mesmo quando o PSA se encontra dentro dos parâmetros normais, pois ele complementa o teste de PSA, permitindo a detecção de lesões que podem não ser identificadas por meio do exame sanguíneo. Além disso, o toque retal é fundamental para determinar a necessidade e a localização de uma biópsia da próstata, que é o único exame capaz de confirmar com precisão o diagnóstico do câncer, conforme destaca Carlo Passerotti.

“Portanto, a realização conjunta de ambos os exames é imprescindível para uma detecção eficaz, visto que são complementares”, ressalta o especialista.

Cabe frisar que o exame de toque retal é um procedimento simples, rápido e indolor, que permite a palpação da próstata, visando identificar alterações no seu tamanho, forma ou consistência.

 

9. Ter uma vida sexual ativa pode causar câncer de próstata

Mito. Na realidade, estudos indicam que a prática regular de atividades sexuais pode, na verdade, estar associada a um risco reduzido de desenvolvimento do câncer de próstata, conforme evidenciado por pesquisas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).

É importante reiterar que os fatores amplamente reconhecidos e cientificamente comprovados como contribuintes para o aumento do risco de câncer de próstata incluem o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, uma alimentação inadequada e o sedentarismo. Portanto, a vida sexual ativa não está entre os fatores de risco para a doença.

 

10. O câncer de próstata não tem cura

Mito. O câncer de próstata é uma condição tratável e curável, especialmente quando diagnosticado em estágios iniciais e tratado de forma adequada.

Os tratamentos disponíveis incluem cirurgia, radioterapia, braquiterapia, hormonioterapia e quimioterapia. Conforme explica Carlo Passerotti, a escolha do tratamento é determinada por diversos fatores, como o estágio da doença, o tipo de tumor, a idade e a saúde geral do paciente. O principal objetivo do tratamento é erradicar o tumor, preservar a função sexual e urinária do paciente e prevenir as complicações associadas à enfermidade.

 

11. Não existe prevenção para o câncer de próstata

Verdade. Embora não seja possível garantir uma prevenção absoluta contra o câncer de próstata, diversas medidas podem contribuir para a redução do risco ou para a detecção precoce da doença, facilitando seu tratamento. Entre essas ações, destacam-se:

  • Manter uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras e grãos integrais;
  • Evitar o consumo excessivo de gorduras;
  • Incluir alimentos ricos em licopeno, como o tomate, na dieta;
  • Praticar atividades físicas regularmente;
  • Moderação no consumo de álcool;
  • Abandonar o tabagismo;
  • Realizar check-ups regulares para monitorar a saúde prostática.

 

12. Mulheres transexuais devem fazer o rastreamento do câncer de próstata

Verdade. Mulheres transexuais, travestis e pessoas não binárias também devem ser submetidas ao rastreamento do câncer de próstata, conforme as orientações médicas.

“Elas ainda possuem a glândula prostática e, portanto, estão suscetíveis ao desenvolvimento do câncer de próstata. O uso de hormônios femininos pode reduzir o tamanho da próstata e diminuir os níveis de PSA, mas não elimina completamente o risco da doença”, esclarece Carlo Passerotti.

Portanto, é essencial que esses indivíduos realizem os exames apropriados, conforme recomendado pelos profissionais de saúde, para garantir a detecção precoce e a abordagem adequada da condição.

 

13. O câncer de próstata causa diminuição da virilidade

Depende. Conforme a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), aproximadamente metade dos homens que mantêm um bom desempenho sexual antes do tratamento do câncer de próstata conseguem preservar a virilidade após as terapias. Contudo, em pacientes de idade avançada, que já apresentam algum comprometimento da função sexual, podem surgir casos de impotência moderada a grave. Entretanto, a maioria dos pacientes experimenta apenas uma leve diminuição no desempenho, e a função sexual pode ser restaurada após alguns meses.

 

14. O tratamento do câncer de próstata pode causar incontinência urinária

Verdade. A incontinência urinária é uma possível consequência do tratamento do câncer de próstata, embora seja, geralmente, uma condição transitória, dependendo do tipo de terapia realizada. De acordo com a SBCO, cerca de um em cada cinco homens que se submetem ao tratamento da doença sofre de incontinência urinária. No entanto, essa condição pode ser revertida com o uso de medicamentos específicos, proporcionando uma recuperação significativa.

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