Bitcoin Rompe Limite Histórico e Ultrapassa US$ 98 Mil com o Efeito Trump
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Bitcoin Rompe Limite Histórico e Ultrapassa US$ 98 Mil com o Efeito Trump

O valor da criptomoeda mais que duplicou ao longo do ano e registrou um expressivo incremento de 40% nas duas semanas subsequentes à eleição do republicano nos Estados Unidos

 

O Bitcoin, moeda digital de maior notoriedade e impacto no mercado financeiro, experimentou um ascenso vigoroso rumo à marca de US$ 100 mil nesta quinta-feira, 21 de novembro, à medida que cresciam as expectativas de uma postura regulatória mais receptiva e favorável dos Estados Unidos, sob a iminente presidência de Donald Trump. Este movimento assinala uma recuperação substancial para um ativo que, não obstante a sua audaciosa trajetória, ainda é alvo de desconfiança por parte de muitos investidores tradicionais.

O valor da criptomoeda superou pela primeira vez a cifra de US$ 98.000 durante as transações realizadas no continente europeu, refletindo um aumento de aproximadamente 2,4%, alcançando US$ 96.779. Este movimento evidencia a impressionante valorização do Bitcoin, cuja cotação mais que dobrou ao longo de 2024 e registrou uma ascensão de quase 40% nas duas semanas subsequentes à eleição de Trump à presidência dos Estados Unidos, além da eleição de diversos legisladores pró-cripto para o Congresso, configurando um panorama promissor para a criptoeconomia.

Com mais de 16 anos desde sua criação, o Bitcoin parece se aproximar de uma aceitação mainstream, sinalizando uma transformação na percepção pública e no comportamento dos investidores. Alicia Kao, diretora-gerente da exchange de criptomoedas KuCoin, declarou com segurança: “Qualquer pessoa que tenha adquirido Bitcoin em qualquer momento de sua história encontra-se atualmente lucrando com o investimento”.

“Entretanto, aqueles que o adquiriram nos primeiros estágios, quando obstáculos significativos se erguiam e quando as poderosas forças financeiras e governamentais globais estavam resolutas em erradicá-lo, são, sem dúvida, os autênticos vencedores. Não pelo acúmulo de riquezas, mas pela convicção e retidão de suas escolhas.”

Donald Trump, em sua trajetória política, demonstrou um apetite claro pelo universo das criptomoedas, especialmente durante sua campanha presidencial, quando afirmou seu desejo de transformar os Estados Unidos na “capital criptográfica do planeta” e de acumular um expressivo estoque nacional de Bitcoin. A postura do ex-presidente sinaliza não apenas um alinhamento com as tendências emergentes, mas também uma tentativa de estabelecer uma base sólida para o futuro dos ativos digitais no território americano.

A recuperação meteórica do Bitcoin, que havia experimentado uma queda acentuada abaixo de US$ 16.000 no final de 2022, se deu de forma veloz e impressionante. Esse ressurgimento foi alimentado pela aprovação de fundos negociados em bolsa (ETFs) de Bitcoin nos Estados Unidos, em janeiro deste ano, um marco que abriu novas possibilidades para o mercado.

A Comissão de Valores Mobiliários (SEC), que historicamente tentou bloquear a entrada de ETFs no mercado de criptomoedas, com base em preocupações relativas à proteção dos investidores, viu-se superada por um movimento irreversível. A introdução desses produtos inovadores não apenas expandiu a base de investidores no Bitcoin, mas também permitiu que investidores institucionais, que antes estavam à margem, agora pudessem obter exposição direta a essa classe de ativos. Com isso, o Bitcoin fortalece sua presença no cenário global e desponta como uma nova fronteira para o investimento financeiro, em um momento em que seu reconhecimento institucional se faz cada vez mais presente.

 

A Corrida Cripto: Um Crescimento Imparável

Desde a eleição presidencial nos Estados Unidos, mais de US$ 4 bilhões foram alocados em fundos negociados em bolsa (ETFs) de Bitcoin, listados no mercado americano, refletindo um crescente interesse e confiança nos ativos digitais. O movimento ascendente do Bitcoin impulsionou, simultaneamente, a valorização de opções financeiras associadas à criptomoeda, como evidenciado pela estreia robusta de opções no ETF IBIT.O da BlackRock. As opções de compra, apostas na valorização do ativo, se destacaram, superando as de venda, o que demonstra a crença de investidores em um horizonte otimista para o mercado.

O fenômeno de valorização se estendeu para as ações de empresas diretamente envolvidas na indústria cripto. As ações da mineradora de Bitcoin MARA Holdings (MARA.O), por exemplo, dispararam, refletindo um aumento de quase 2,3% nesta quinta-feira, acompanhando o otimismo gerado pelo aumento expressivo do preço do Bitcoin.

“Após atingir novos recordes históricos, o Bitcoin se torna um ímã para a entrada de capital fresco”, afirmou John LaForge, chefe da estratégia de ativos reais do Wells Fargo Investment Institute, destacando que a elevação contínua dos preços atrai novos fluxos de investimento. Esse fenômeno evidencia não apenas a força crescente do mercado de criptomoedas, mas também a consolidação de uma nova classe de ativos digitais que se torna cada vez mais difícil de ignorar pelos investidores institucionais e individuais.

“Assim como o ouro na década de 1970, o Bitcoin está atualmente em um estágio incipiente de descoberta de valor. O verdadeiro alcance de sua valorização ainda é uma incógnita.”, afirmou John LaForge, ressaltando a natureza imprevista da trajetória de ascensão do Bitcoin. Tal analogia com o metal precioso, que experimentou uma valorização exponencial no final do século XX, serve para sublinhar a magnitude da fase em que a criptomoeda se encontra, com seu valor sendo continuamente redefinido pelo mercado global.

A MicroStrategy, uma companhia de software tradicionalmente deficitária, que tem se destacado por suas massivas aquisições de Bitcoin, experimentou uma queda de 2,5% em suas ações, mesmo após ter alcançado um valor de mercado superior a US$ 100 bilhões. Não obstante a leve retração, o preço de suas ações registrou uma impressionante valorização superior a 100% desde o dia da eleição presidencial, refletindo a confiança renovada no potencial do Bitcoin como ativo estratégico.

O CEO da MicroStrategy, Michael Saylor, se consolidou como um dos maiores defensores do Bitcoin e das criptomoedas em geral, alinhando-se com figuras proeminentes do setor como Elon Musk, aliado de Trump, em uma frente que busca consolidar o Bitcoin como uma reserva de valor legítima no cenário financeiro global.

Em relação ao futuro regulatório da criptomoeda, Will Peck, chefe de ativos digitais da WisdomTree, ponderou: “A grande questão que permanece é se esta administração conseguirá oferecer a clareza regulatória que a comunidade cripto tanto anseia. No entanto, é prematuro fazer qualquer afirmação definitiva.” A reflexão de Peck ressalta a imprevisibilidade do ambiente regulatório, que continua sendo um fator crucial na determinação do futuro das criptomoedas no mercado financeiro.

“Consideramos todo este entusiasmo como um reflexo otimista não apenas para o Bitcoin ou as criptomoedas em geral, mas para o vasto ecossistema impulsionado pela tecnologia blockchain, que continua a se expandir de maneira impressionante.” Essa observação revela a confiança crescente no potencial disruptivo das tecnologias descentralizadas, que, embora ainda em processo de amadurecimento, têm demonstrado um apetite significativo para remodelar setores diversos, desde o financeiro até o tecnológico.

No entanto, a ascensão do Bitcoin e das criptomoedas não ocorre sem uma considerável gama de críticas e controvérsias. A indústria, em seu curto período de existência, já foi marcada por um episódio dramático que abalou profundamente a confiança dos investidores: o colapso da FTX, uma das maiores bolsas de criptomoedas do mundo, que culminou na prisão de seu fundador, Sam Bankman-Fried. Este escândalo expôs vulnerabilidades sistêmicas e práticas questionáveis no mercado de criptoativos, reforçando as preocupações sobre a falta de regulamentação robusta e a gestão inadequada de riscos por parte de algumas plataformas.

Além disso, a crescente adoção das criptomoedas tem sido acompanhada de uma crítica constante sobre seu impacto ambiental. A mineração de Bitcoin, em particular, com sua intensa demanda por poder computacional, está no centro de um debate acirrado sobre o consumo excessivo de energia. A atividade minera, muitas vezes alimentada por fontes não renováveis, gera preocupações sobre suas repercussões nas redes elétricas e nas emissões de gases de efeito estufa, colocando em questão a sustentabilidade de modelos de negócios baseados em uma infraestrutura tão energeticamente dispendiosa.

A indústria também não está imune às sombras do crime. A análise realizada pela Chainalysis revelou que, no ano passado, cerca de 24,2 bilhões de dólares em criptomoedas foram enviados para endereços de carteiras ilícitas, muitos dos quais ligados a atividades criminosas, como financiamento de terrorismo e fraudes. Este cenário reforça a necessidade urgente de regulamentações mais rigorosas e medidas de segurança aprimoradas para mitigar os riscos associados ao uso ilícito das criptomoedas.

Embora a tecnologia blockchain e as criptomoedas continuem a prometer inovações disruptivas, as questões regulatórias, éticas e ambientais continuam a ser desafios cruciais que exigem atenção e um compromisso firme para garantir que seu crescimento seja sustentável, seguro e benéfico para a sociedade como um todo.

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