Ikea alerta que tarifas de Trump podem elevar os preços
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Ikea alerta que tarifas de Trump podem elevar os preços

O republicano reiterou que as tarifas serão um pilar de sua estratégia econômica durante um possível segundo mandato

 

O CEO do Ingka Group, conglomerado responsável pelas lojas Ikea, manifestou preocupações sobre o impacto das tarifas impostas pela administração Trump, destacando que tais medidas dificultam a preservação dos preços acessíveis. O executivo se une a um crescente número de lideranças empresariais que alertam sobre os riscos iminentes de onerar os consumidores devido à implementação das tarifas planejadas.

“De maneira geral, não acreditamos que as tarifas favoreçam as empresas internacionais nem o comércio global. No longo prazo, corremos o risco de que os custos sejam repassados aos consumidores”, afirmou Jesper Brodin, CEO do Ingka Group, em declaração dada na quarta-feira (27), ao ser questionado sobre as políticas tarifárias propostas por Donald Trump.

O pronunciamento de Jesper Brodin ocorreu pouco antes da inauguração da loja pop-up da Ikea na icônica Oxford Street, em Londres, na quinta-feira. Durante a entrevista, o CEO enfatizou que as tarifas impostas dificultam a missão da empresa de manter os preços baixos e acessíveis, um objetivo central da Ikea.

“As tarifas tornam substancialmente mais desafiador para nós preservar os preços acessíveis e garantir que uma ampla gama de pessoas tenha acesso aos nossos produtos, algo que, em última análise, sempre foi a nossa proposta de valor”, declarou Brodin, com a firmeza de quem tem pleno domínio sobre as implicações econômicas globais.

O executivo fez uma reflexão crítica sobre o impacto das tarifas elevadas: “Nunca experimentamos um período de benefícios quando as tarifas foram altas”, afirmou, fazendo referência tanto à realidade da Ikea quanto ao panorama econômico mundial. “Contudo, devemos reconhecer que isso está além do nosso controle. Será necessário compreender a situação e nos adaptarmos de forma estratégica.”

Na segunda-feira, o presidente eleito Donald Trump reiterou sua promessa de impor aumentos substanciais nas tarifas sobre produtos provenientes do México, Canadá e China. Essa postura gerou reações contundentes, com autoridades dos países afetados alertando que as tarifas poderiam prejudicar gravemente as economias de todos os envolvidos, incluindo os Estados Unidos.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, alertou, durante uma coletiva de imprensa na terça-feira, que “uma tarifa será seguida por outra em retaliação, e assim por diante, até que coloquemos em risco as empresas comuns”. Essa previsão ecoou as preocupações de diversos grupos de lobby empresarial, que representam indústrias de varejo e bens de consumo dos EUA, os quais também manifestaram grande apreensão diante dos possíveis danos econômicos decorrentes dessas políticas tarifárias.

Tom Madrecki, vice-presidente de campanhas e projetos especiais da Consumer Brands Association, alertou em entrevista que as tarifas representavam um “perigo claro e presente” para as empresas associadas ao seu grupo. Entre os membros da associação, encontram-se gigantes do setor, como Coca-Cola, General Mills, Molson Coors, entre dezenas de outras corporações de bens de consumo embalados.

Em relação à Ikea, vale destacar que a maior parte de sua produção, cerca de 70%, ocorre na Europa, com os 30% restantes provenientes da Ásia, em grande parte da China. Essa divisão geográfica das fábricas torna a empresa vulnerável às flutuações no comércio internacional, especialmente no contexto das tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos.

Na última segunda-feira, Trump anunciou a imposição de uma tarifa adicional de 10% sobre os produtos chineses, uma medida que perduraria até que a China tomasse ações para interromper o fluxo de drogas ilegais para os Estados Unidos. Essa declaração intensificou ainda mais as preocupações no setor empresarial global.

Embora Jesper Brodin, CEO do Ingka Group, não tenha respondido diretamente à indagação sobre a possível realocação de parte da produção da Ikea em virtude das tarifas de Trump, ele sublinhou a importância dos laços duradouros estabelecidos com os fornecedores, destacando que a empresa mantém relações de longo prazo, em média superior a 10 anos. “Nós preservamos relacionamentos sólidos ao longo do tempo, para o bem ou para o mal”, afirmou com clareza.

Em uma tentativa de mitigar os efeitos da inflação sobre os consumidores, no ano passado, a Ikea realizou uma significativa redução de preços em cerca de 2.000 produtos, o que implicou um custo de mais de € 2 bilhões (aproximadamente US$ 2,1 bilhões). Essa estratégia teve como resultado uma diminuição na receita anual em termos monetários, embora a empresa tenha registrado um aumento no volume de itens vendidos.

 

Lançamento da Pop-up na Oxford Street

O aguardado lançamento da loja pop-up da Ikea na emblemática Oxford Street, em Londres, ocorrerá nesta quinta-feira, antecedendo a inauguração de uma loja permanente na renomada rua de varejo, prevista para a primavera do próximo ano.

Intitulada Hus of Frakta, a loja pop-up é uma ode à famosa sacola azul da Ikea, a Frakta, amplamente reconhecida por sua versatilidade, que vai desde ser usada para compras até carregar roupas para a lavanderia. Os visitantes terão a oportunidade de personalizar sua própria sacola Frakta, além de poderem adquirir uma seleção de cerca de 100 produtos exclusivos da Ikea.

Quando a loja permanente for inaugurada no ano seguinte, ela oferecerá aos clientes uma “experiência completa da Ikea”, abrangendo três andares e, como destacou Jesper Brodin, CEO do Ingka Group, incluindo as famosas almôndegas da marca, um dos pratos mais emblemáticos da rede.

A Ikea adquiriu o edifício que anteriormente abrigava uma loja da Topshop por £ 378 milhões (aproximadamente US$ 476,6 milhões) há dois anos e realizou uma reforma substancial na imponente estrutura de sete andares, que remonta a mais de um século de história.

Com sua localização estratégica no coração de Londres, a nova loja visa atrair consumidores que, por diversos motivos, não podem ou não desejam se deslocar até as maiores lojas da Ikea, localizadas em Wembley e Croydon, nos arredores da cidade.

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