A Matéria Escura Pode Ter Surgido de um “Big Bang Escuro”, Afirmam Cientistas

Compreender a natureza da matéria escura continua a ser um dos maiores desafios da astronomia, persistindo como um enigma por décadas.

A matéria ordinária, composta pelos átomos que formam todos os elementos visíveis, desde os tecidos que nos revestem até os corpos celestes, como planetas e estrelas, corresponde a meros 5% de toda a composição do universo. O restante é constituído por matéria escura (aproximadamente 27%) e energia escura (cerca de 68%) – dois elementos cuja explicação ainda escapa à ciência, mas cuja existência é indiscutível, dado o impacto que exercem sobre a matéria visível.

Até então, a comunidade científica admitia que tanto a matéria quanto a energia escuras haviam sido geradas durante o Big Bang, assim como a matéria e a energia convencionais. Contudo, uma nova teoria, detalhada no artigo recentemente publicado no periódico Physical Review D, sugere que um evento distinto teria sido o responsável pela criação da matéria escura: um “Big Bang Escuro”.

“A ideia de que a matéria escura e a matéria regular se originaram no mesmo evento, o Big Bang, parece natural, dado seu caráter simplista. É por isso que essa concepção prevaleceu sem contestações por tanto tempo. No entanto, a natureza não precisa se restringir à economia de explicações, nem à navalha de Occam, nem a quaisquer preferências estéticas nossas”, afirmou Cosmin Ilie, pesquisador principal e professor assistente de física e astronomia da Colgate University, em entrevista ao portal Space.com.

A única maneira de detectar a matéria escura reside em sua interação com a gravidade, uma vez que, mesmo sendo invisível, ela possuiria massa suficiente para influenciar a gravidade em sua vizinhança e afetar a matéria visível.

“Esse modelo pode elucidar o motivo pelo qual todas as tentativas de detectar a matéria escura, seja por meios diretos, indiretos ou através da produção de partículas, têm falhado”, declarou Ilie.

“O modelo padrão da física de partículas descreve as partículas que conhecemos e as forças que regem suas interações. Quem pode afirmar que a matéria escura – essa vasta quantidade de partículas ainda não descobertas que compõem a maior parte do universo – não possui seu próprio e intricado conjunto de partículas e interações?”, acrescentou o pesquisador.