Uncategorized

Cais das Artes: obra parada, demolição e estacionamento são discutidos

Erguido na orla marítima de um dos bairros mais privilegiados de Vitória, o esqueleto inacabado do Cais das Artes vem se transformando em uma enorme dor de cabeça para moradores e lideranças do bairro Enseada do Suá e, ao mesmo tempo, um grande desafio para o poder público. Iniciadas em 2010 e com previsão de serem entregues em 2012, as obras foram paralisadas em outubro de 2015 por determinação judicial. Com a liberação, novo edital chegou a ser anunciado pelo governador Paulo Hartung (MDB), para em seguida ser suspenso três dias antes da abertura da licitação, que estava prevista para 18 de outubro deste ano. Contudo, o Governo informou que o prazo para a retomada da obra está mantido para o início de 2019, com nova previsão de entrega para 2020. Junto com a informação, veio também a notícia de que os custos serão de cerca de R$ 100 milhões a mais que o previsto inicialmente. Ou seja, depois de pronto, caso isso aconteça realmente, terão sido cerca de R$ 230 milhões, se não houver mais aditivos.

NOVO GOVERNO

Álvaro Duboc, coordenador da equipe de transição de governo do grupo de Renato Casagrande (PSB), havia salientado  antes da suspensão do novo edital que o governador Paulo Hartung não deveria tentar publicar o edital novamente este ano, alegando que resta pouco tempo para o término da administração do emedebista. Ele pondera que a retomada das obras do Cais das Artes deve ser uma decisão a ser tomada pelo próximo governo. Álvaro Duboc foi taxativo. “O Cais das Artes não é uma prioridade do Governo Casagrande. Ainda assim ela será uma das obras que Renato Casagrande entregará durante o mandato dele. Isso porque nós acreditamos que obra que é

iniciada precisa ser concluída, entregue, senão é desperdício de dinheiro público”, enfatizou. No Diário Oficial, o Instituto de Obras Públicas do Espírito Santo (Iopes) informou que a obra está mantida para o início de 2019 e que o edital será republicado para a contratação da empresa responsável pelas obras, contudo, não foi estipulado um prazo.

DEMOLIÇÃO

Na última reunião da Associação de Moradores, Empresários e Investi dores da Enseada do Suá (Amei-ES), entrou em discussão a possibilidade de demolição do complexo cultural. “Única solução para o Cais das Artes é realmente demolir. Fica mais barato do que reconstruir. São quase R$ 250 milhões, uma fortuna que poderia ser destinada para a construção de um hospital. Sem contar as despesas futuras com a manutenção”, comenta Marvel Furtado, uma das pessoas eleitas para diretoria da Amei-ES para o biênio 2019/2020. Ela afirma que chegou a discutir o assunto com um engenheiro, passando as informações para os demais participantes da reunião.

IMPACTO VISUAL

Outro ponto levantado em relação à obra diz respeito ao impacto que a construção causou no cenário urbano do bairro. “Afetou diretamente a vista da Baía de Vitória, um lugar maravilhoso, de onde se pode observar, por exemplo, a passagem dos navios. Há ainda a vista do Convento da Penha e da Cruz do Papa, monumentos da cidade. Tudo isso desapareceu atrás daquele prédio”, comenta. Marvel afirma não ser contra o uso do espaço para cultura e artes, apenas questiona alguns pontos: a forma como o projeto foi concebido em relação à altura; a falta de diálogo com a comunidade antes da implantação do mesmo; a questão das desapropriações para implantação do estacionamento para o Cais das Artes e, por último, os vários anos por que  a obra vem se arrastando, acumulando altos gastos.

OUTRO LADO

Zota Coelho, também morador do bairro, vai por outra linha de pensamento, ao afirmar que, “se o Cais das Artes for efetivamente usado para o propósito para o qual foi criado, será de grande importância para a cultura capixaba”. Ele acredita que o espaço vai inserir o Espírito Santo no calendário nacional de grandes eventos culturais. “Quanto ao design”, prossegue Zota, “já ouvi chamarem a obra de ‘trambolho’ e outras coisas mais. É uma obra do capixaba Paulo Mendes da Rocha, um modernista respeitado internacionalmente, exatamente por essas linhas que compõem a edificação”, ressalta. Zota pondera que a opinião e gosto pessoal de cada um devem ser respeitados, mas quanto à ideia de demolição, disse que acha um exagero, e até mesmo um desrespeito com o artista. “Acredito que teremos turistas que virão aqui para ver a obra. Eu, particularmente, gosto muito do projeto, principalmente se conseguirem fazê-lo funcionar”, ressaltou. Eduardo Borges, presidente da Amei-ES, disse que a instituição irá pedir uma apresentação do projeto, orçamento e cronograma, para posterior retomada de discussões.

Qual Sua Reação?

Alegre
0
Feliz
0
Amando
0
Normal
0
Triste
0

You may also like

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *