Câncer ou aumento benigno da próstata? Descubra como fazer a distinção
SAÚDE

Câncer ou aumento benigno da próstata? Descubra como fazer a distinção

Nas fases mais avançadas, o tumor pode manifestar sintomas análogos aos de doenças benignas, o que dificulta o diagnóstico preciso

 

O câncer prostático, em seus estágios iniciais, geralmente permanece assintomático, evoluindo de maneira silenciosa e insidiosa. Quando os pacientes começam a apresentar sinais, esses podem ser indistinguíveis daqueles do aumento benigno da próstata, incluindo dificuldades miccionais ou uma frequência urinária exacerbada, tanto diurna quanto noturna. Contudo, surge a questão: como distinguir, com precisão, essas duas condições?

Para tanto, é imprescindível compreender as especificidades de cada uma delas. O aumento benigno da próstata, denominado hiperplasia prostática benigna, caracteriza-se pela multiplicação das células prostáticas, resultando no crescimento da glândula.

“O aumento benigno da próstata consiste numa proliferação natural do tecido prostático, que ocorre a partir dos 40 anos. Essa proliferação é mediada por fatores genéticos, o que implica que alguns homens possuam uma predisposição mais acentuada à hiperplasia benigna prostática. Além disso, aspectos hormonais influenciam esse processo; alguns indivíduos, por exemplo, são mais suscetíveis aos efeitos da testosterona do que outros”, esclarece o Dr. Bruno Benigno, urologista e oncologista do Hospital Oswaldo Cruz, além de diretor da Clínica UroOnco.

De acordo com o especialista, diversos outros fatores podem estar correlacionados ao aumento benigno da próstata, como a inatividade física, o diabetes mellitus e a utilização de suplementos de testosterona. “Trata-se de uma condição amplamente prevalente, com maior incidência entre homens a partir dos 40 anos”, acrescenta.

Por outro lado, o câncer de próstata resulta da multiplicação anômala das células prostáticas, culminando na formação de um tumor maligno. Embora as causas exatas dessa proliferação ainda sejam objeto de investigação, sabe-se que fatores genéticos (tais como mutações celulares que interferem no desenvolvimento normal das mesmas), além de idade avançada, obesidade, sedentarismo e tabagismo, podem amplificar o risco de ocorrência da doença.

A presença de histórico familiar de câncer, particularmente quando um pai ou irmão é diagnosticado antes dos 60 anos, também pode elevar significativamente o risco de desenvolvimento da doença. Além disso, diversos agentes ambientais e ocupacionais têm sido vinculados à incidência do câncer prostático, tais como aminas aromáticas, arsênio, produtos derivados do petróleo, emissões provenientes de escapamentos de veículos, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas. Essas substâncias, frequentemente associadas a ambientes industriais e poluentes, podem contribuir para o desencadeamento ou agravamento da patologia.

 

Sintomas semelhantes, mas com manifestações em momentos distintos

Os sintomas mais característicos do aumento benigno da próstata incluem:

  • Jato urinário enfraquecido;
  • Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga;
  • Despertar frequente durante a noite para urinar;
  • Dificuldade para iniciar a micção.

“No caso do câncer de próstata, o quadro se configura de maneira distinta. Aproximadamente 70% dos homens acometidos não apresentam sintomas. O câncer, por sua natureza, é uma doença silenciosa, pois, em regra, se origina na porção periférica da glândula”, esclarece o Dr. Benigno. “Entretanto, quando o câncer de próstata começa a manifestar sintomas, isso ocorre, na maioria das vezes, devido à infiltração do tumor nos tecidos adjacentes à bexiga, uretra e, até mesmo, no intestino. Nesse cenário, o paciente pode sentir dor pélvica, dor abdominal, dificuldade para evacuar, além de sangramentos tanto na urina quanto nas fezes”, detalha o urologista.

Nos estágios avançados da doença, quando ocorre a metástase — ou seja, a disseminação do câncer para outras partes do organismo —, o paciente pode experimentar ainda dores ósseas, desconfortos musculares, um declínio geral de seu estado de saúde e uma acentuada perda de peso.

 

Exames são fundamentais para a diferenciação entre as doenças

Dado que o câncer de próstata e o aumento benigno da próstata compartilham sintomas semelhantes, a única maneira eficaz de diferenciá-los é por meio de exames físicos e laboratoriais.

“O primeiro passo é realizar um rastreamento baseado nos sintomas apresentados pelo paciente, na faixa etária e nos fatores de risco associados. Além disso, é imprescindível realizar a dosagem dos níveis de PSA no sangue”, esclarece o Dr. Benigno. O PSA, ou antígeno prostático específico, é uma proteína produzida pelas células da próstata.

“Homens com níveis elevados de PSA têm maior probabilidade de desenvolver câncer de próstata. Além disso, a velocidade com que o PSA se eleva também pode servir como um indicativo da presença de câncer. Pacientes com câncer prostático tendem a apresentar um aumento mais rápido nos níveis de PSA do que aqueles com hiperplasia benigna da próstata”, acrescenta o especialista.

Caso persista a dúvida clínica, o médico pode solicitar um exame de ultrassom, que, além de detectar o crescimento anômalo da próstata, também pode identificar a presença de nódulos na glândula.

“A persistência de uma forte suspeita demanda a realização de dois exames cruciais: a ressonância magnética, que permite identificar focos de nódulos não visualizados pelo ultrassom, e a biópsia, que constitui a única maneira de confirmar ou excluir a presença de câncer de próstata”, esclarece o Dr. Benigno.

De acordo com o urologista, a biópsia é um procedimento invasivo, razão pela qual não é geralmente requisitada logo no início da investigação. “Assim, os pacientes seguem por uma sequência de triagem, conhecida como rastreamento, sendo que apenas aqueles com uma forte suspeita de câncer de próstata são encaminhados para este exame”, acrescenta.

Uma vez estabelecida a diferenciação diagnóstica, o tratamento é então definido. Para o aumento benigno da próstata, pode-se prescrever medicamentos que aliviem os sintomas da condição, e, em casos de retenção urinária, pode ser realizada a sondagem para drenagem da bexiga. Em determinadas situações, a remoção cirúrgica do tecido prostático excessivo pode ser indicada.

No que tange ao câncer de próstata, o tratamento varia conforme o estágio do tumor. Nos casos de doença localizada, pode-se optar por cirurgia, radioterapia ou vigilância ativa. Para a doença avançada, a combinação de radioterapia ou cirurgia com tratamento hormonal pode ser a abordagem indicada. Quando há metástase, a terapia hormonal torna-se o tratamento mais adequado.

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