Crescimento das Pesquisas por Medicamentos para Sono e Melatonina no Brasil: Um Estudo Aprofundado
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Crescimento das Pesquisas por Medicamentos para Sono e Melatonina no Brasil: Um Estudo Aprofundado

Entre os principais fatores que contribuem para a insônia destacam-se a ansiedade, o medo, o estresse e as angústias associadas a questões pessoais ou profissionais. Consequentemente, observa-se um aumento significativo na busca por soluções farmacológicas e naturais para o sono entre os brasileiros.

A Timelens, consultoria especializada em dados e insights da FutureBrand, conduziu um estudo sobre o consumo de produtos destinados ao sono, incluindo o Zolpidem e o suplemento de melatonina, conhecido por sua função como hormônio do sono.

De acordo com a pesquisa, as buscas por melatonina ultrapassaram 17,5 milhões no último ano. Desde sua autorização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2021, a demanda pelo suplemento sextuplicou na plataforma, conforme os dados analisados.

Em seguida, as pesquisas por “Zolpidem” totalizaram 9,8 milhões. Termos como “chá para dormir” e “magnésio inositol” aparecem na sequência com 1,7 milhões e 1,2 milhões de buscas, respectivamente.

O estudo também revelou que a pesquisa por “remédios para dormir” acumulou mais de 29 milhões de consultas na plataforma ao longo dos últimos cinco anos.

Os meses com maior busca foram:

  • maio (10%);
  • abril, janeiro e julho (todos com 9%);
  • junho, outubro, fevereiro e dezembro (8%);
  • setembro (7%); e
  • novembro (6%).

 

Entre os medicamentos com maior crescimento nas pesquisas, o Zolpidem destaca-se com um aumento de 240%, seguido pelo Clonazepam com 220%.

Em contraste, as pesquisas por “remédios para dormir sem prescrição” experimentaram um exponencial aumento de 1.450% nos últimos cinco anos, conforme o levantamento. As análises foram conduzidas utilizando ferramentas como Google Trends e Google Ads, com base em palavras-chave específicas.

André Matias, CEO da Timelens e Sócio Diretor na FutureBrand São Paulo, comentou: “Os dados revelam que os brasileiros buscam não apenas medicamentos, mas também auxílio. A crescente procura por melatonina, colchões e chás para dormir indica que o interesse transcende os fármacos; os indivíduos estão em busca de conforto”.

Nos últimos cinco anos, foram registradas mais de 20,8 milhões de menções relacionadas ao cansaço ou exaustão nas redes sociais. Além disso, 11,6 milhões de menções expressaram dificuldades para dormir. As principais causas atribuídas para a falta de sono incluem ansiedade/angústia (26%), mal-estar (22%), barulho e clima (13%), substâncias/drogas (3%) e medo (2%).

A análise das menções foi conduzida em redes sociais, fóruns e blogs entre 2019 e 2024. Selecionou-se um espaço amostral de 1.500 menções, aplicando critérios específicos conforme os objetivos da pesquisa. Foram consideradas todas as expressões relacionadas a dificuldades de sono, como “sem sono”, “não consigo dormir” e “insônia”.

 

Ascensão das Pesquisas por Zolpidem no Brasil em Comparação com os Estados Unidos

O estudo comparou as pesquisas por “Zolpidem” entre o Brasil e os Estados Unidos, onde o consumo de medicamentos para dormir é elevado. Nos últimos anos, o Brasil registrou um volume total de 52.943.100 buscas, em contraste com 19.798.080 nos EUA, representando um incremento de 167%.

No Brasil, observou-se um crescimento consistente nas buscas, com uma média semanal de 202 mil pesquisas e picos notáveis em agosto de 2022 (572 mil e 526 mil), além de um aumento em maio deste ano (400 mil). Em contraste, nos EUA, as buscas pelo Zolpidem mostraram variação limitada, com uma média de 75 mil buscas semanais e um pico de 123 mil em abril.

Matias observa: “O brasileiro demonstra uma notável vigilância sobre as tendências digitais, e o Zolpidem alcançou notoriedade nas redes sociais, elevando o interesse pelo medicamento e refletindo-se nas pesquisas do Google”.

Além disso, o levantamento revela que, embora o Distrito Federal lidere em buscas online pelo medicamento, São Paulo é o estado com o maior volume de vendas de Zolpidem, com mais de 122 milhões de caixas comercializadas, conforme dados do DataSUS.

 

Riscos Associados ao Uso Indevido de Zolpidem e Melatonina

O Zolpidem, pertencente à classe dos hipnóticos, atua induzindo o sono e deve ser administrado apenas a curto prazo — conforme orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seu uso não deve exceder quatro semanas. Destina-se ao tratamento de insônia transitória ou episódica.

“A extensão do tratamento além do período recomendado deve ser feita somente após reavaliação clínica, pois o risco de abuso e dependência aumenta com a dose e a duração do uso,” alerta a agência. O uso impróprio pode acarretar efeitos adversos como sonambulismo, lapsos de memória e alucinações.

Em resposta ao crescente número de relatos de uso inadequado do Zolpidem, a Anvisa implementou restrições mais severas à prescrição e venda do medicamento no Brasil a partir de maio deste ano.

Embora a melatonina seja um suplemento de origem natural, seu uso incorreto e sem orientação médica pode também ocasionar efeitos colaterais e problemas.

Em entrevista, Cristina Ribeiro de Barros Cardoso, professora de imunologia e neuroimunoendocrinologia na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP, enfatizou a necessidade de cautela no uso de hormônios.

“A regulação hormonal no organismo é extremamente delicada, com interações complexas entre hormônios e o sistema imunológico,” afirmou a professora.

O uso do hormônio como suplemento é seguro, desde que respeitadas as diretrizes da Anvisa e excluídos os grupos contraindicações. É essencial consultar um médico para assegurar a adequação do suplemento às necessidades individuais de cada paciente.

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