Dólar alça voo a R$ 5,90 em meio a incertezas fiscais e anúncio de isenção do IR; Ibovespa recua
ECONOMIA

Dólar alça voo a R$ 5,90 em meio a incertezas fiscais e anúncio de isenção do IR; Ibovespa recua

A procrastinação na divulgação das medidas governamentais tem gerado apreensão no mercado, pressionando os ativos brasileiros e fazendo com que a cotação da moeda norte-americana frequentemente se aproxime do patamar de R$ 5,80

 

O dólar registrou uma expressiva valorização frente ao real, superando a marca de R$ 5,90 nesta quarta-feira (27), enquanto os investidores aguardam com grande expectativa o anúncio de medidas fiscais de contenção de gastos pelo governo, somado a especulações sobre a isenção do Imposto de Renda.

Às 14h17, a cotação do dólar à vista apresentava uma alta de 1,48%, atingindo R$ 5,894 na venda, após ter alcançado o ápice de R$ 5,9051 em sua máxima intradiária.

Simultaneamente, o Índice Bovespa (Ibovespa), principal indicador do mercado acionário nacional, registrava uma queda de 1,42%, fixando-se em 128.136,22 pontos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está programado para anunciar a isenção do Imposto de Renda para indivíduos que auferem até R$ 5 mil, em pronunciamento a ser realizado em rede nacional, com transmissão marcada para as 20h30.

A proposta será formalmente encaminhada ao Congresso Nacional junto a um conjunto de medidas destinadas à redução das despesas públicas, o qual vem sendo meticulosamente estruturado pela equipe econômica desde o término das eleições municipais.

Esse arranjo fiscal também será detalhadamente apresentado pelo ministro durante o discurso programado.

No mercado cambial doméstico, as cotações do dólar têm se movimentado dentro de limites restritos, uma vez que os investidores optam por uma postura cautelosa, aguardando a oficialização das medidas fiscais do governo para, a partir daí, decidirem-se por estratégias mais incisivas nas transações, seja com intenções de compra ou venda da moeda americana.

 

À espera do pacote de contenção de gastos no Brasil

A procrastinação na divulgação das medidas fiscais, originalmente prometidas para ocorrer logo após o segundo turno das eleições municipais, há um mês, tem alimentado um crescente nervosismo nos mercados, exercendo uma pressão substancial sobre os ativos brasileiros, com o dólar constantemente flertando com o patamar de R$ 5,80.

Nesta quarta-feira (27), às 20h30, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se pronunciará em rede nacional para anunciar o aguardado pacote de cortes de gastos, cujos contornos já geram grande apreensão no mercado.

Na terça-feira (26), dados do IPCA-15 de novembro, que superaram as expectativas, consolidaram a projeção de um aperto monetário mais vigoroso por parte do Banco Central em sua reunião de dezembro.

Na manhã de hoje, o mercado precificava uma probabilidade de 69% de que o Comitê de Política Monetária (Copom) eleve a taxa Selic em 75 pontos-base, elevando-a para 12,00% ao ano, o que representaria um aumento mais agressivo após a elevação de 50 pontos-base na reunião anterior.

“Certamente, a inflação continua a ser uma preocupação central, e, inevitavelmente, está vinculada à percepção de fragilidade fiscal, o que coloca uma pressão significativa para que um pacote de contenção de gastos seja apresentado com urgência”, observou Gesner Oliveira, professor da FGV e sócio da GO Associados.

 

No cenário externo

O olhar dos investidores se volta para os indícios sobre os próximos movimentos do Federal Reserve nos ajustes da política monetária dos Estados Unidos.

Atualmente, operadores atribuem 63% de probabilidade a um corte de 25 pontos-base na taxa de juros do Fed no próximo mês, à medida que o mercado aguarda mais clareza sobre as futuras decisões do banco central americano.

A economia dos Estados Unidos apresentou um crescimento sólido no terceiro trimestre, conforme confirmado pelo governo nesta quarta-feira, impulsionado por um elevado nível de gastos do consumidor. O Produto Interno Bruto (PIB) registrou uma expansão anualizada não revisada de 2,8%, de acordo com a segunda estimativa divulgada pelo Departamento de Comércio.

Além disso, estavam no radar os recentes anúncios do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que, na terça-feira (26), confirmou a nomeação de Jamieson Greer para o cargo de representante comercial do país, um dia após prometer implementar tarifas sobre o México, Canadá e China.

Especialistas têm destacado que as medidas propostas por Trump, como a imposição de tarifas e a redução de impostos, tendem a beneficiar o dólar, dado seu potencial inflacionário, o que, por sua vez, manteria as taxas de juros elevadas nos Estados Unidos.

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