Ex-presidente planeja concorrer ao cargo tendo um dos filhos como vice, segundo relatos de interlocutores
Apesar do recente indiciamento pela Polícia Federal (PF) sob a acusação de tentativa de golpe de Estado, Jair Bolsonaro (PL) mantém inalterada sua intenção de disputar a presidência em 2026, mesmo que venha a enfrentar denúncia formal ou se encontre em regime de detenção, conforme narrativas atribuídas ao círculo próximo do ex-presidente.
O plano delineado por seus interlocutores contempla uma estratégia que envolve o lançamento de sua candidatura à Presidência da República com a indicação de um de seus filhos como companheiro de chapa, possivelmente o senador Flávio Bolsonaro. Nesse cenário, o pedido de registro de candidatura seria formalizado perante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Tendo em vista sua atual condição de inelegibilidade, presume-se que o TSE indeferirá o pleito, o que levaria Bolsonaro a recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde é igualmente esperado que a inelegibilidade seja confirmada.
A partir desse desenlace jurídico, Bolsonaro pretende utilizar o debate público gerado pelo processo como uma plataforma para defender-se politicamente e proclamar sua alegada inocência aos eleitores, enquanto a campanha eleitoral transcorre.
Ao esgotar-se a possibilidade de recursos judiciais, a vaga na chapa presidencial seria transferida ao candidato a vice, que assumiria a liderança da candidatura. Nesse contexto, Bolsonaro almeja direcionar o apoio de seu eleitorado para o sucessor, mantendo sua influência política na disputa.
Essa estratégia, que já era alvo de análises em seu entorno nos últimos dias, foi reforçada na quinta-feira (21), logo após o indiciamento.
No círculo próximo ao ex-presidente, há uma percepção consolidada de que a Procuradoria-Geral da República deverá formalizar denúncia contra ele e que o STF, diante do atual panorama, tenderia a condená-lo à reclusão. Ademais, é amplamente reconhecido que, nas circunstâncias vigentes, a possibilidade de uma anistia política que restituísse seus direitos políticos é praticamente nula.
Contudo, seus aliados estimam que Bolsonaro ainda detém o apoio inabalável de aproximadamente 25% do eleitorado. Esse núcleo duro de apoiadores reforça a viabilidade de que seu nome continue a ser articulado como figura central de seu projeto político. Por essa razão, há uma inclinação para que seu eventual candidato a vice também ostente o nome Bolsonaro, assegurando a continuidade simbólica e política da família na disputa presidencial.