Estudantes negros enfrentam menor acesso a escolas com infraestrutura básica, revela estudo
EDUCAÇÃOSOCIAL

Estudantes negros enfrentam menor acesso a escolas com infraestrutura básica, revela estudo

Os dados são provenientes da pesquisa “O Círculo Vicioso da Desigualdade Racial na Educação do Brasil”, realizada pelo BID

 

A pesquisa intitulada “O Círculo Vicioso da Desigualdade Racial na Educação do Brasil”, conduzida pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e divulgada nesta terça-feira (26), revela que estudantes negros, pardos e indígenas apresentam um acesso significativamente inferior às escolas que oferecem infraestrutura básica, como fornecimento de água, energia elétrica, coleta de lixo e saneamento, em comparação aos estudantes brancos.

Este quadro de desigualdade se acentua de maneira ainda mais patente quando se considera a localização geográfica dos estabelecimentos de ensino. Em instituições situadas em áreas urbanas, a maioria dos alunos usufrui das condições mínimas de infraestrutura. No entanto, conforme evidenciado pelo gráfico a seguir, a discrepância é notável nas escolas localizadas em quilombos: enquanto 75% dos estudantes brancos têm acesso à infraestrutura mínima, esse percentual reduz-se a 52% entre os alunos negros, 50% entre os estudantes pardos e 69% entre os discentes indígenas.

 

 

Cumpre salientar que a distribuição dos discentes varia de maneira considerável conforme seu grupo racial e a região em que se encontram. Para ilustrar, 92,3% dos estudantes em territórios indígenas pertencem a essa mesma etnia, enquanto 86,7% dos alunos em quilombos são negros ou pardos.

 

 

A pesquisa também evidencia que os estudantes negros, pardos e indígenas têm menor acesso a instituições de ensino que disponham de infraestrutura essencial, como banheiros, conexão à internet, acessibilidade para pessoas com deficiência e equipamentos administrativos adequados.

 

 

O relatório do BID destaca que tais desigualdades resultam em um desempenho inferior dos estudantes negros, pardos e indígenas ao final da educação básica, o que se reflete em notas mais baixas, índices elevados de distorção idade-série e uma crescente taxa de evasão escolar.

Ademais, outros obstáculos substanciais incluem a pressão para ingressar no mercado de trabalho e a gravidez na adolescência, fatores que, conjuntamente, levam os jovens de baixa renda, predominantemente negros, a abandonarem o ambiente escolar.

 

Aumentar a diversidade nas escolas é parte da solução

Enquanto o estudo destaca os desafios enfrentados pela população negra e indígena na educação, ele também sublinha que a ampliação da diversidade no corpo docente das instituições de ensino é uma medida fundamental para reduzir as disparidades entre desempenho e oportunidades educacionais.

Isso ocorre porque, quando os alunos são ensinados por professores que compartilham características semelhantes às suas, como cor de pele e origem social, seu desempenho tende a ser superior.

Entretanto, a realidade brasileira revela uma situação distinta: em geral, professores negros, pardos e indígenas enfrentam mais dificuldades para obter contratos permanentes, são alocados em escolas com infraestrutura deficiente e, como consequência, seus alunos apresentam um desempenho inferior nas avaliações, perpetuando assim um ciclo vicioso de desigualdade racial na educação.

Para romper com essa realidade, o relatório sugere a implementação de políticas públicas que envolvem:

  • Atração dos melhores estudantes para as carreiras na educação;
  • Oferta de uma formação rigorosa para os professores;
  • Destinação dos melhores docentes para as escolas mais carentes;
  • Implantação de programas de integração, apoio contínuo e sistemas de progressão na carreira docente nas escolas.

Qual Sua Reação?

Alegre
0
Feliz
0
Amando
0
Normal
0
Triste
0

You may also like

More in:EDUCAÇÃO

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *