Incontinência Urinária: 63% dos Homens Desconsideram os Primeiros Sinais, Aponta Pesquisa
Embora mais prevalente no sexo feminino, em virtude de fatores como gestação e parto, essa condição também pode afetar o público masculino
A incontinência urinária, embora seja uma condição mais recorrente entre as mulheres, não se restringe a este grupo, afetando também uma expressiva parcela da população masculina. No entanto, conforme revelado por uma pesquisa realizada pela MindMinders e encomendada pela TENA, marca especializada em produtos voltados para o manejo da incontinência urinária adulta, uma significativa maioria (63%) dos homens tende a negligenciar os primeiros indícios dessa afecção, optando por não buscar orientação médica.
O estudo intitulado “TENA: Incontinência Urinária e Hábitos de Saúde Masculina” teve como propósito mapear as prevalências e os hábitos relacionados a esse distúrbio, além de promover a educação da população sobre as estratégias adequadas para lidar com a condição e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados.
A incontinência urinária é definida pela perda involuntária de urina pela uretra, sendo mais prevalente no sexo feminino, frequentemente em razão de fatores como a gravidez e o parto. No entanto, os homens também podem ser acometidos por essa disfunção.
“O quadro de incontinência urinária nos homens está frequentemente vinculado a tratamentos cirúrgicos para o câncer de próstata — o segundo tipo de câncer mais prevalente entre a população masculina, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma — e à condição de bexiga hiperativa”, esclarece o Dr. José Carlos Truzzi, renomado urologista, membro da Divisão de Urologia do Instituto de Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho e diretor do Departamento de Disfunções Miccionais da Confederação Americana de Urologia (CAU).
Entre os primeiros sinais indicativos da condição, destacam-se os seguintes sintomas:
- Perda involuntária de urina ao tossir, rir, praticar atividades físicas ou ao realizar qualquer tipo de movimento;
- Urgência súbita para urinar, que surge durante a execução de tarefas cotidianas, resultando na perda de urina antes que a pessoa consiga alcançar o banheiro;
- Incontinência urinária noturna, também conhecida como enurese noturna.
“O quadro de incontinência urinária jamais deve ser considerado como uma condição normal. Na maioria dos casos, é plenamente tratável, e a busca por cuidados médicos deve ocorrer assim que os primeiros sinais forem identificados, como o desconforto de perceber a cueca molhada ou a incapacidade de controlar a urgência urinária até chegar ao banheiro”, enfatiza o Dr. José Carlos Truzzi, urologista e especialista no assunto.
Apenas 17% Buscam Orientação Médica ao Identificar os Primeiros Sintomas
A pesquisa, conduzida com 238 homens, cujas faixas etárias variaram entre 31 e 40 anos (34% da amostra) e acima de 41 anos (66%), abrangeu um público diversificado, distribuído por todas as regiões do Brasil e representando diferentes estratos sociais. O levantamento foi realizado por meio de um painel inteiramente online.
Dos respondentes, apenas 17% procuraram a orientação de um médico ao notarem os primeiros sinais de incontinência urinária. Um contingente de 13% buscou informações sobre a condição por meio de fontes alternativas, como pesquisas na internet, livros ou aplicativos; enquanto 7% optaram por discutir o problema com cônjuges, parentes ou amigos.
Apesar da reduzida procura por atendimento médico, o estudo revelou que os homens possuem plena consciência dos sinais iniciais da incontinência urinária: 44% observaram a cueca molhada ou úmida; 34% relataram a sensação de urgência para urinar, mas incapacidade de controlar até o momento de chegar ao banheiro; 19% mencionaram que outra pessoa notou a calça ou shorts molhados; e 3% identificaram outros sinais não especificados.
Cuidados com a Saúde Masculina: Desafios e Comportamentos em Relacionamento com a Incontinência Urinária
A pesquisa também abordou o panorama de cuidados com a saúde entre os homens, revelando dados importantes sobre sua conscientização e práticas de prevenção. Segundo o levantamento, 45% dos entrevistados afirmaram já ter se submetido a algum tratamento relacionado à incontinência urinária; 31% realizam exames de próstata anualmente; 35% os fazem em intervalos variados, enquanto 33% nunca se submetem a tais exames. Além disso, 71% dos participantes declararam conhecer a campanha Novembro Azul, voltada para a conscientização sobre o câncer de próstata.
Entretanto, o estudo revelou que muitos homens enfrentam desafios ao tentar adaptar suas rotinas diárias para lidar com os episódios de incontinência urinária, frequentemente recorrendo a soluções improvisadas. Os dados apontam que 41% dos entrevistados já utilizaram papel higiênico para conter os gotejamentos urinários e 20% recorreram a absorventes femininos, que não são adequados à anatomia masculina.
Com base nesses resultados, a pesquisa sublinha o principal desafio: a necessidade de educar o público masculino, oferecendo informações fundamentadas em orientações médicas, a fim de aumentar a conscientização e a importância atribuída ao tema. Por outro lado, o estudo também destaca que o público masculino não se mostra avesso ao diálogo com profissionais de saúde, especialmente quando o assunto é tratado com a companheira.