Inflação está controlada, mas preços continuam altos para o consumidor
Economistas explicam por que, mesmo que a inflação esteja controlada, continua difícil pagar todas as contas
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o ano de 2023 em 4,62%, conforme divulgação feita nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O valor da inflação ficou abaixo do limite da meta definida pelo Banco Central (de 4,75%) pela primeira vez em três anos. Mas isso não quer dizer que o consumidor não esteja mais passando sufoco para pagar todas as suas contas.
Não ultrapassar o teto estabelecido indica uma estabilidade na inflação do país, mas isso não quer dizer que os produtos voltaram a ter o mesmo patamar de preços de antes da pandemia de Covid, de acordo com Diogo Santos, economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas (Ipead).
“A inflação está controlada, mas isso não quer dizer que os produtos estão baratos. Desde 2020, tivemos um aumento muito grande em itens como alimentação, gasolina e gás de cozinha. Estamos vivendo uma estabilidade e uma redução nos preços, mas não chegamos ao que era praticado antes da pandemia”, explica.
Sacolão mais caro em dezembro
Em dezembro, a inflação calculada pelo IBGE ficou em 0,56%, bem maior do que os 0,28% de novembro. O índice foi puxado especialmente pelos itens de hortifruti, muito prejudicados pela chuva e pelo calor excessivos. Mas Santos explica que esse cenário já é esperado no último mês do ano.
De forma geral, a inflação é maior nos primeiros e últimos meses do ano. Especificamente em dezembro, no Espírito Santo vimos que as chuvas e temperaturas elevadas provocaram uma certa dificuldade na produção e colheita. Chegaram menos produtos aos sacolões e a demanda não diminuiu. Então, isso pressiona os preços”, argumenta.
Segundo o economista, foram os alimentos que puxaram a inflação para cima em dezembro, mas ao longo do ano este foi o setor que proporcionou as principais reduções de preços – tanto que a cesta básica calculada pelo Ipead em custou R$ 693,44 em dezembro de 2023, valor 2,59% menor do que no último mês de 2022.
Meta para 2024
Em 2024, a expectativa do mercado é de que o IPCA caia para 3,90% no acumulado do ano, conforme a mediana da edição mais recente do boletim Focus, divulgada na segunda-feira (8) pelo BC. O centro da meta é de 3% em 2024, 2025 e 2026, sempre com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais (4,50%) ou para menos (1,50%).