Monitoramento de Mutações do Vírus da Gripe em Amostras de Esgoto
Atualmente, os imunizantes fornecidos pelo Ministério da Saúde abrangem as três cepas predominantes do vírus influenza observadas nos hemisférios Norte e Sul. Contudo, a correspondência entre os vírus em circulação e as cepas incluídas na vacina nem sempre é perfeita. A alta variabilidade e a rápida mutação do influenza resultam em uma eficácia vacinal que pode variar entre 40% e 60%, dependendo da correspondência e adaptação às cepas específicas.
“O problema pode ser mitigado através de uma nova abordagem de vigilância e uma tecnologia que permita a atualização mais ágil da vacina, objetivo primordial de nosso grupo de pesquisa”, afirmou Rúbens Alves, virologista e biomédico, coordenador do grupo de pesquisa Survivax: Laboratório de Vigilância Genômica e Inovação em Vacinas, em entrevista à Assessoria de Imprensa do IPSP.
De acordo com Alves, a vigilância através de amostras de águas residuais, comprovada como altamente eficaz durante a pandemia de Covid-19 e adotada por mais de cem países e 293 universidades, será aplicada agora ao monitoramento da influenza.
“Estamos prestes a liderar a aplicação desta tecnologia para o vírus influenza. Durante a pandemia de coronavírus, conseguimos identificar picos de transmissão com até duas semanas de antecedência, um dado crucial para a gestão da saúde pública”, declarou.
Atualmente, a vigilância dos vírus da gripe é conduzida pela Rede Global de Vigilância de Influenza da Organização Mundial da Saúde (OMS), que engloba laboratórios ao redor do mundo. Esses laboratórios monitoram vírus circulantes e potenciais ameaças pandêmicas por meio de análises laboratoriais. Com base nesses dados, a OMS divulga anualmente, com seis a oito meses de antecedência, as cepas a serem utilizadas na produção das vacinas para o hemisfério Sul no ano subsequente.