O Álcool: Causa de 12 Fatalidades por Hora no Brasil, Segundo Estudo
Homens Correspondem a 86% das Mortes Relacionadas ao Álcool
Conforme revela o levantamento da Fiocruz Brasília, o consumo de álcool no Brasil afeta predominantemente a população masculina, com os homens representando 86% do total de óbitos atribuíveis à substância. Deste contingente, quase metade das fatalidades é ocasionada por doenças cardiovasculares, acidentes e episódios de violência, condições diretamente ligadas ao abuso do álcool.
Por outro lado, o impacto no público feminino, que corresponde a 14% das mortes, está intimamente relacionado a doenças cardiovasculares e a diferentes tipos de câncer, com esses agravos sendo responsáveis por 60% das fatalidades no sexo feminino.
Em termos de custos para o Sistema Único de Saúde (SUS), as hospitalizações de mulheres decorrentes de complicações atribuíveis ao consumo de álcool representaram uma parcela menor em comparação aos gastos com o público masculino, alcançando apenas 20% do total. Esse descompasso pode ser explicado pela menor prevalência de consumo entre as mulheres, conforme aponta a Pesquisa Nacional de Saúde (PNAS 2019).
Ademais, é relevante destacar que as mulheres tendem a procurar os serviços de saúde com maior frequência e a realizar exames de rotina com mais regularidade, o que resulta na detecção precoce de doenças graves e na implementação de tratamentos adequados. Em contrapartida, os homens frequentemente buscam atendimento médico em estágios mais avançados de comprometimento de sua saúde, o que, por conseguinte, gera um maior número de internações hospitalares.
“Quando os homens procuram os serviços de saúde, é possível que já estejam com o quadro clínico significativamente agravado, o que resulta em uma maior demanda por hospitalizações”, afirma Eduardo Nilson, pesquisador da Fiocruz e responsável pela pesquisa.
Metodologia do Estudo da Fiocruz sobre os Custos do Álcool
O estudo conduzido pela Fiocruz Brasília adotou uma robusta metodologia de análise comparativa de risco, com o objetivo de estimar as frações atribuíveis a uma exposição (neste caso, o consumo de álcool) em relação aos desfechos de saúde diretamente causados por essa exposição.
Foram levadas em consideração as doenças e mortes associadas ao consumo de álcool, com ênfase na relação dose-resposta, ou seja, como a quantidade de álcool consumida está diretamente vinculada ao risco relativo dos desfechos. Essa análise foi fundamentada em metanálises publicadas e em estudos amplamente reconhecidos, como os utilizados pelo *Global Burden of Disease* (GBD – Carga Global da Doença) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A estimativa da carga atribuível a cada doença foi realizada em consonância com a prevalência de consumo de álcool, segmentada por grupos de sexo e faixa etária, o que permitiu uma análise detalhada e precisa.
As informações relacionadas aos custos diretos foram extraídas de bases de dados públicas, incluindo sistemas de informações em saúde, bem como relatórios e microdados de pesquisas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esses custos diretos atribuíveis ao consumo de álcool foram calculados a partir de dados específicos do Sistema Único de Saúde (SUS), englobando internações hospitalares (por meio do Sistema de Informações Hospitalares – SIH/SUS) e procedimentos ambulatoriais (obtidos através do Sistema de Informações Ambulatoriais – SIA/SUS). A desagregação dessas informações foi feita por tipo de doença atribuível ao consumo de álcool, sexo e idade, oferecendo uma visão detalhada dos gastos envolvidos.