Residir em áreas próximas a ambientes verdes mitiga o declínio cognitivo durante a senescência
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Residir em áreas próximas a ambientes verdes mitiga o declínio cognitivo durante a senescência

A convivência com a natureza na fase adulta revela-se benéfica na atenuação do declínio cognitivo na velhice, conforme estudo divulgado no Environmental Health Perspectives. Esse efeito mostra-se mais acentuado em regiões com menor status socioeconômico, salientando o valor das áreas verdes como elemento ambiental capaz de prevenir a deterioração mental.

Os autores destacam que o contato com ambientes naturais já é associado à redução da depressão, fator que eleva o risco de demência. Além disso, áreas verdes propiciam maior engajamento físico e social, além de reduzir os níveis de estresse. Contudo, a escassez de estudos prospectivos sobre essa associação ainda é evidente.

Para examinar essa relação, pesquisadores de diversas instituições dos EUA analisaram cerca de 17 mil idosas do Nurses’ Health Study, que acompanha mais de 120 mil enfermeiras desde 1976, residentes em 11 estados. Elas foram submetidas a testes cognitivos em quatro ocasiões, entre 1995 e 2001, sendo monitoradas até 2008.

Imagens de satélite mostraram a extensão das áreas verdes onde moravam nove anos antes dos testes. Os resultados consideraram fatores como idade, status socioeconômico e depressão.

As participantes com maior exposição prévia à natureza apresentaram melhores funções cognitivas iniciais e uma desaceleração na deterioração mental ao longo do tempo.

O estudo também associou os resultados à presença do gene APOE-ɛ4, reconhecido como fator de risco para o Alzheimer, indicando que portadoras deste gene que residiam em áreas verdes também experimentaram uma desaceleração no declínio cognitivo.

“Estar próximo à natureza favorece maior prática de exercícios físicos, fator protetor, além de proporcionar maior exposição à luz solar, essencial para o ciclo circadiano, qualidade do sono e produção de vitamina D”, afirma a geriatra Thais Ioshimoto, do Hospital Israelita Albert Einstein. Ela enfatiza que o sono reparador é crucial para a preservação da memória. “Além disso, o contato direto dos pés com o solo, técnica denominada grounding ou aterramento, vem sendo estudado como benéfico à saúde.”

Adicionalmente, pesquisas crescentes destacam o impacto da poluição atmosférica na degradação mental, não apenas nas metrópoles, mas também aquela resultante da combustão de madeira e materiais fósseis, que libera carbono negro, substância nociva. “Atualmente, sabemos que 45% dos fatores de risco para demência são preveníveis”, ressalta a geriatra.

A médica esclarece que a prevenção inicia-se com uma boa educação ao longo da vida — e que fatores conhecidos na prevenção de doenças cardiovasculares, como a prática regular de exercícios, abstinência do tabaco, dieta saudável e rica em antioxidantes, controle do colesterol e diabetes, também ajudam a preservar a memória.

“Tais medidas são válidas para todas as idades. Na meia-idade e na velhice, a prevenção da perda auditiva e visual torna-se crucial. E, nos mais idosos, evitar o isolamento social é imprescindível”, conclui a geriatra.

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