Um em Cada Três Professores de Escolas Públicas Carece da Formação Adequada
Salário
De acordo com o levantamento, em 2023, o rendimento médio mensal dos profissionais do magistério das redes públicas de ensino superior atingiu R$ 4.942, cifra que corresponde a 86% do salário médio de outros profissionais assalariados com o mesmo nível de escolaridade, que é de R$ 5.747.
Esse valor representa um incremento em relação aos anos anteriores. Em 2013, os professores recebiam apenas 71% do salário de outros profissionais com graduação.
Embora o aumento no rendimento tenha sido notável, o regime de contratação dos docentes experimentou um processo de precarização. Segundo a publicação, o número de contratos temporários disparou entre 2013 e 2023 nas redes estaduais, que atualmente contam com mais de 50% de seus professores contratados sob esse regime.
“Cada vez mais, as redes têm adotado a contratação de professores temporários. Inclusive, nas redes estaduais, atualmente, a quantidade de docentes temporários ultrapassa o número de professores efetivos”, afirma Ivan Gontijo. “Portanto, embora a tendência salarial seja mais positiva, a predominância dos contratos temporários é um reflexo negativo das mudanças ocorridas nos últimos anos”, complementa o especialista.
Carreira e Formação
Outro aspecto relevante para os profissionais da educação refere-se à existência e implementação de critérios claros dentro de um Plano de Cargos e Carreiras. De acordo com o anuário, 96,3% das redes municipais e 100% das estaduais já adotam esse instrumento estruturante.
Nos municípios, 82,9% das redes educacionais estipulam explicitamente que dois terços da carga horária devem ser dedicados às atividades de interação direta com os alunos, reservando o restante para o planejamento das aulas e outras atividades docentes, conforme estabelecido pela Lei do Piso Nacional do Magistério. Entre as redes estaduais, 85,2% seguem essa mesma diretriz.
No que tange à formação dos docentes, o estudo revela que o Brasil tem quase dois terços de seus licenciandos formados por meio da modalidade a distância, alcançando 67% dessa categoria. Em 2023, superou-se a marca de 1,1 milhão de matrículas no ensino superior voltado à formação de professores nessa modalidade, um número consideravelmente superior ao de 2013, quando esse total não ultrapassava 446 mil matrículas.
“Embora a educação a distância tenha desempenhado um papel crucial na democratização do acesso ao ensino superior, a sua eficácia na formação docente ainda é um ponto de intensos debates”, observa a análise contida no relatório, conforme a visão de Haroldo Corrêa Rocha, coordenador-geral do Movimento Profissão Docente.
Leis e Políticas Públicas
A valorização do magistério está formalmente consignada em legislação, especificamente no Plano Nacional de Educação (PNE), cujo período de vigência foi prorrogado até o final de 2025. Entre as metas estabelecidas para a implementação em todo o território nacional, destaca-se a obrigação de garantir que todos os docentes da educação básica possuam formação específica de nível superior, adquirida por meio de cursos de licenciatura na área de conhecimento correspondente à sua atuação pedagógica.
Ademais, o PNE também prevê que o Brasil deverá promover a equiparação do rendimento médio dos professores ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente, meta que deveria ter sido alcançada até o ano de 2020, mas que permanece um desafio em termos de cumprimento.
Em resposta a esse cenário, o Ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou que o governo lançará, ainda em novembro, um conjunto de medidas focadas na valorização dos professores da educação básica. Entre as iniciativas está o programa “Pé-de-Meia para as Licenciaturas”, que consiste em bolsas destinadas a apoiar os estudantes que ingressam no ensino superior com o objetivo de seguir a carreira docente, proporcionando-lhes o suporte financeiro necessário para a formação de qualidade e o ingresso na profissão.